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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

EXPORTAÇÃO DA MANDIOCA

Pequena escala e oscilação nos preços dificulta exportação de derivados  


A cadeia brasileira da mandioca e derivados ainda está relativamente distante do mercado externo, devido à instabilidade dos preços e a problemas de coordenação interna. Em comparação a outros importantes países produtores, a maioria das fecularias brasileiras opera em pequena escala. No Brasil, a média de processamento das fecularias é de 250 toneladas de mandioca por dia; no estado de São Paulo, em particular, elas operam com cerca de 190 toneladas por dia. Enquanto isso, na Tailândia, o maior produtor mundial, a escala média é de 800 toneladas de raiz por dia.
De acordo com o livro “Melhoria da Competitividade da Cadeia Agroindustrial da Mandioca no Estado de São Paulo”, do SEBRAE/SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de São Paulo), as oportunidades para o Brasil, entretanto, começaram a se ampliar nos últimos anos, em virtude do crescimento e modernização da indústria de fécula e amido modificados e do estabelecimento de empresas processadoras de mandioca pré-cozida congelada.
As exportações de farinhas, sêmolas, pós de sagu e raízes mantiveram-se estáveis em torno de mil toneladas ao ano, de 1994 até 2003, gerando uma receita uma receita média de US$ 400 mil anuais. As vendas externas de tapioca e semelhantes, nos últimos três anos, encontram-se igualmente estáveis, pouco acima de mil toneladas ao ano, gerando uma receita média anual de US$ 562 mil. As vendas externas de fécula em 2002 foram de quase 25 mil toneladas, caindo para 15 mil toneladas em 2003, diante da elevação dos preços do produto.
As estatísticas da Secretaria de Comércio Exterior do Governo Brasileiro (Secex) mostram que, de janeiro até julho de 2004, a receita com as exportações de raiz e derivados de mandioca (raiz, fécula e tapioca; excluindo o amido modificado) foi de US$ 2,7 milhões, sendo 95% referentes às exportações de fécula. Portanto, a participação dos outros derivados, que não a fécula, é marginal.
Ainda de acordo com informações da Secex, o comércio de mandioca de mesa processada, por sua vez, foi o que apresentou maior crescimento. As exportações praticamente não existiam antes da década de 1990. Em 2002, entretanto, a quantidade chegou a, aproximadamente, 764 toneladas. Em 2003 as exportações caíram para 348 toneladas. Finalmente, de janeiro a julho de 2004, as exportações acumulam um volume de 217 toneladas.
Diante dessas informações, verifica-se que, apesar da tendência de crescimento das exportações nos últimos 10 anos, o setor ainda é bastante vulnerável à instabilidade de preços. A forte elevação dos preços da mandioca e derivados a partir de 2002 provocou uma redução na competitividade dos produtos brasileiros, reduzindo suas exportações.
Segundo os autores do livro mencionado, as perspectivas para a mandioca de mesa brasileira estão condicionadas à necessidade de redução do preço relativo do produto, bem como do surgimento de novos mercados nas regiões importadoras (EUA, Europa e Japão) e da manutenção dos hábitos de consumo desses grupos. A maior restrição para a mandioca pré-cozida e congelada nesse mercado é o fato de que a maioria dos consumidores não conhece o produto. Relacionam-no apenas a ingredientes para formulação de ração animal. Portanto, o sucesso do produto visando à exportação carece de um agressivo programa de marketing.
As exportações de amidos modificados não são discriminadas quanto à origem do amido, portanto, não se sabe, apenas com base nos dados da Secex, qual a real quantidade de amido de mandioca modificado exportada, observam os autores. Eles destacam, contudo, que os números agregados servem para reflexão, uma vez que houve aumento expressivo da participação do derivado da mandioca. As exportações que eram de quase 6 mil toneladas em 1992, atingiram 30 mil toneladas em 2002, originando uma receita de US$ 14,7 milhões. Já em 2003 as exportações caíram para 23,6 mil toneladas. De janeiro até julho de 2004, as vendas externas diminuíram ainda mais, chegando a 14,5 mil toneladas.
Segundo João Eduardo Pasquini, presidente da Abam (Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca), em palestra no 1º Seminário da Cadeia Produtiva da Mandioca do Estado de São Paulo, realizado no dia 20 de agosto, na cidade de Cândido Mota (SP), a tendência é de substituição do amido de batata pelo da mandioca na Europa com a queda dos subsídios no mercado Europeu a partir de 2005. Além disso, conforme ele, deve aumentar a procura por produtos orgânicos e se comprovar a superioridade da qualidade da fécula do Brasil em relação à da Tailândia.
Atualmente, o mercado internacional é dominado fortemente pela Tailândia, que se apresenta como um potencial destino para os produtores brasileiros. Segundo estatísticas da FAO (Food and Agriculture Organization), a Tailândia detém 85% das exportações mundiais de mandioca e seus derivados, seguido pela Holanda, com 4%. Ainda conforme dados da FAO (2004), os principais destinos da fécula tailandesa em 2003 foram, respectivamente, Ásia (85%), Europa (3%) e Estados Unidos (2%), enquanto outros destinos responderam no conjunto pelos 10% restantes.

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