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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

IMPORTÂNCIA ECONOMICA DA MANDIOCA

O Brasil ocupa a segunda posição na produção mundial de mandioca, participando com 12,7% do total. A mandioca é cultivada em todas as regiões do Brasil, assumindo destacada importância na alimentação humana e animal, além de ser utilizada como matéria-prima em inúmeros produtos industriais. Tem ainda papel importante na geração de emprego e de renda, notadamente nas áreas pobres da Região Nordeste. Considerando-se a fase de produção primária e o processamento de farinha e fécula, estima-se que são gerados, no Brasil, um milhão de empregos diretos. Estima-se que a atividade mandioqueira proporcione uma receita bruta anual equivalente a 2,5 bilhões de dólares e uma contribuição tributária de 150 milhões de dólares. A produção de mandioca que é transformada em farinha e fécula gera, respectivamente, uma receita equivalente a 600 milhões e 150 milhões de dólares, respectivamente.
A produção nacional da cultura estimada pela CONAB para 2002 é de 22,6 milhões de toneladas numa área plantada de 1,7 milhões de hectares, com rendimento médio de 13,3 toneladas de raízes por hectare. Dentre os principais estados produtores destacam-se: Pará (17,9%), Bahia (16,7%), Paraná (14,5%), Rio Grande do Sul (5,6%) e Amazonas (4,3%), que em conjunto são responsáveis por 59% da produção do país. Na distribuição da produção pelas diferentes regiões fisiográficas do país, a Região Nordeste sobressai-se com uma participação de 34,7% da produção, porém com rendimento médio de apenas 10,6 t/ha. Nas demais regiões as participações na produção nacional são: Norte (25,9%), Sul (23,0%), Sudeste (10,4%) e Centro-Oeste (6,0%). As Regiões Norte e Nordeste destacam-se como principais produtoras e consumidoras, sendo a produção essencialmente utilizada na dieta alimentar, na forma de farinha. Nas Regiões Sul e Sudeste, em que os rendimentos médios são de 18,8 t/ha e 17,1 t/ha, respectivamente, a maior parte da produção é orientada para a indústria, principalmente nos Estados do Paraná, São Paulo e Minas Gerais. É importante também destacar o crescimento da atividade no Estado do Mato Grosso do Sul. Estima-se que cerca de ______da área plantada e de _______ da produção nacional da mandioca estão localizados na Região dos dos Cerrados (Figura 1). A citação da figura 1 como Mato Grosso no texto não corresponde a da legenda da figura. 


Figura 1. Cultivo da mandioca no Estado do Pará.

O consumo per capita mundial de mandioca e derivados, em 1996, foi de 17,40 kg/hab/ano, enquanto que o Brasil apresentou um valor de 50,60 kg/hab/ano. Os países da África têm se destacado no consumo de mandioca e derivados, sendo que a República Democrática do Congo, República do Congo e Gana apresentaram, respectivamente, valores de 333,2, 281,1 e 247,2 kg/hab/ano.
A mandioca tem grande número de usos correntes e potenciais, que pode ser classificado, em função do tipo de raiz, em duas grandes categorias: (i) mandioca de “mesa”; e (ii) mandioca industrial.
A maior parte da mandioca de “mesa” é comercializada na forma in natura. A mandioca para a indústria  tem uma grande variedade de usos, dos quais a farinha e a fécula são as mais importantes. A farinha tem essencialmente uso alimentar e, além dos diversos tipos regionais, que não modificam as características originais  do produto, ela se encontra em duas formas: (i) farinha não temperada, que se destina à alimentação básica e é consumida principalmente pelas classes de renda mais baixa da população; e (ii) farinha temperada (farofa), de mercado restrito, mas de valor agregado elevado, que se destina às classes de renda média a alta da população. A fécula e seus produtos derivados têm competitividade crescente no mercado de produtos amiláceos para a alimentação humana, ou como insumos em diversos ramos industriais tais como o de alimentos embutidos, embalagens, colas, mineração, têxtil e farmacêutica (Figura 2).   Obs: O ramo de aplicação dos produtos citados no texto como carne embutidas, mineração não constam na figura 2. 

Figura 2. 

O mercado internacional de mandioca, sem considerar o comércio interno na União Européia, movimentou, em média/ano, cerca de 10 milhões de  toneladas de produtos derivados ("pellets" e farinha de soja/mandioca), sendo equivalente a mais de U$ 1 bilhão de dólares até 1993. A produção brasileira de mandioca é praticamente consumida no mercado interno; nos últimos 10 anos a média da participação das exportações não chegou a 0,5% da produção nacional.


EXPORTAÇÃO DA MANDIOCA

Pequena escala e oscilação nos preços dificulta exportação de derivados  


A cadeia brasileira da mandioca e derivados ainda está relativamente distante do mercado externo, devido à instabilidade dos preços e a problemas de coordenação interna. Em comparação a outros importantes países produtores, a maioria das fecularias brasileiras opera em pequena escala. No Brasil, a média de processamento das fecularias é de 250 toneladas de mandioca por dia; no estado de São Paulo, em particular, elas operam com cerca de 190 toneladas por dia. Enquanto isso, na Tailândia, o maior produtor mundial, a escala média é de 800 toneladas de raiz por dia.
De acordo com o livro “Melhoria da Competitividade da Cadeia Agroindustrial da Mandioca no Estado de São Paulo”, do SEBRAE/SP (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas do Estado de São Paulo), as oportunidades para o Brasil, entretanto, começaram a se ampliar nos últimos anos, em virtude do crescimento e modernização da indústria de fécula e amido modificados e do estabelecimento de empresas processadoras de mandioca pré-cozida congelada.
As exportações de farinhas, sêmolas, pós de sagu e raízes mantiveram-se estáveis em torno de mil toneladas ao ano, de 1994 até 2003, gerando uma receita uma receita média de US$ 400 mil anuais. As vendas externas de tapioca e semelhantes, nos últimos três anos, encontram-se igualmente estáveis, pouco acima de mil toneladas ao ano, gerando uma receita média anual de US$ 562 mil. As vendas externas de fécula em 2002 foram de quase 25 mil toneladas, caindo para 15 mil toneladas em 2003, diante da elevação dos preços do produto.
As estatísticas da Secretaria de Comércio Exterior do Governo Brasileiro (Secex) mostram que, de janeiro até julho de 2004, a receita com as exportações de raiz e derivados de mandioca (raiz, fécula e tapioca; excluindo o amido modificado) foi de US$ 2,7 milhões, sendo 95% referentes às exportações de fécula. Portanto, a participação dos outros derivados, que não a fécula, é marginal.
Ainda de acordo com informações da Secex, o comércio de mandioca de mesa processada, por sua vez, foi o que apresentou maior crescimento. As exportações praticamente não existiam antes da década de 1990. Em 2002, entretanto, a quantidade chegou a, aproximadamente, 764 toneladas. Em 2003 as exportações caíram para 348 toneladas. Finalmente, de janeiro a julho de 2004, as exportações acumulam um volume de 217 toneladas.
Diante dessas informações, verifica-se que, apesar da tendência de crescimento das exportações nos últimos 10 anos, o setor ainda é bastante vulnerável à instabilidade de preços. A forte elevação dos preços da mandioca e derivados a partir de 2002 provocou uma redução na competitividade dos produtos brasileiros, reduzindo suas exportações.
Segundo os autores do livro mencionado, as perspectivas para a mandioca de mesa brasileira estão condicionadas à necessidade de redução do preço relativo do produto, bem como do surgimento de novos mercados nas regiões importadoras (EUA, Europa e Japão) e da manutenção dos hábitos de consumo desses grupos. A maior restrição para a mandioca pré-cozida e congelada nesse mercado é o fato de que a maioria dos consumidores não conhece o produto. Relacionam-no apenas a ingredientes para formulação de ração animal. Portanto, o sucesso do produto visando à exportação carece de um agressivo programa de marketing.
As exportações de amidos modificados não são discriminadas quanto à origem do amido, portanto, não se sabe, apenas com base nos dados da Secex, qual a real quantidade de amido de mandioca modificado exportada, observam os autores. Eles destacam, contudo, que os números agregados servem para reflexão, uma vez que houve aumento expressivo da participação do derivado da mandioca. As exportações que eram de quase 6 mil toneladas em 1992, atingiram 30 mil toneladas em 2002, originando uma receita de US$ 14,7 milhões. Já em 2003 as exportações caíram para 23,6 mil toneladas. De janeiro até julho de 2004, as vendas externas diminuíram ainda mais, chegando a 14,5 mil toneladas.
Segundo João Eduardo Pasquini, presidente da Abam (Associação Brasileira dos Produtores de Amido de Mandioca), em palestra no 1º Seminário da Cadeia Produtiva da Mandioca do Estado de São Paulo, realizado no dia 20 de agosto, na cidade de Cândido Mota (SP), a tendência é de substituição do amido de batata pelo da mandioca na Europa com a queda dos subsídios no mercado Europeu a partir de 2005. Além disso, conforme ele, deve aumentar a procura por produtos orgânicos e se comprovar a superioridade da qualidade da fécula do Brasil em relação à da Tailândia.
Atualmente, o mercado internacional é dominado fortemente pela Tailândia, que se apresenta como um potencial destino para os produtores brasileiros. Segundo estatísticas da FAO (Food and Agriculture Organization), a Tailândia detém 85% das exportações mundiais de mandioca e seus derivados, seguido pela Holanda, com 4%. Ainda conforme dados da FAO (2004), os principais destinos da fécula tailandesa em 2003 foram, respectivamente, Ásia (85%), Europa (3%) e Estados Unidos (2%), enquanto outros destinos responderam no conjunto pelos 10% restantes.

CULTIVO DA MANDIOCA

 
MANDIOCA
O cultivo da mandioca é de grande relevância econômica como principal fonte de carboidratos para milhões de pessoas, essencialmente nos países em desenvolvimento. O Brasil possui aproximadamente dois milhões de hectares é um dos maiores produtores mundiais, com produção 23 milhões de toneladas de raízes frescas de mandioca. A região Nordeste tradicionalmente caracteriza-se pelo sistema de policultivo, ou seja, mistura de mandioca com outras espécies alimentares de ciclo curto, principalmente feijão, milho e amendoim.
Atualmente a demanda de amido de mandioca (fécula) tem crescido de forma substancial, principalmente pelo setor industrial a exemplo da utilização de fécula na mistura de farinha de trigo para fabricação de pães, objetivando reduzir as importações de trigo, gerando divisas para o país.
A mandioca, Manihot esculenta Crantz, é uma planta perene, arbustiva, pertencente a família das Euforbiáceas. A parte mais importante da planta é a raiz. Rica em fécula, utilizadas na alimentação humana e animal ou como matéria prima para diversas indústrias. Originária do continente americano, provavelmente do Brasil, a mandioca já era cultivada pelos índios, por ocasião da descoberta do país. Este trabalho reúne informações técnicas simplificadas, necessárias ao cultivo da mandioca, de resultados de pesquisas geradas pelos principais órgãos do Sistema Nacional de Pesquisa Agropecuária.
CLIMA E SOLO
É cultivada em regiões de clima tropical e subtropical, com precipitação pluviométrica variável de 600 a 1.200 mm de chuvas bem distribuídas e uma temperatura média de em torno de 25ºC. Temperaturas inferiores a 15ºC prejudica o desenvolvimento vegetativo da planta. Pode ser cultivada em altitudes que variam de próximo ao nível do mar até mil metros. É bem tolerante à seca e possui ampla adaptação às mais variadas condições de clima e solo. Os solos mais recomendados são os profundos com textura média de boa drenagem. Deve-se evitar solos muito arenosos e os permanentemente alagados.
PLANTIO
Normalmente se recomenda o plantio de maio a outubro. Entretanto o plantio pode ser recomendado em qualquer época, desde que haja umidade suficiente para garantir a brotação das hastes.  
O espaçamento é definido como a distância entre as fileiras de plantas e entre plantas na fileira e variam de 1,0m x 0,60m, em fileiras simples, e 2.0m x 0.60m x 0,60m em fileiras duplas. A posição do tolete na cova é horizontal a uma profundidade de cinco a dez centímetros, cobrindo-o com uma leve camada de terra.
ADUBAÇÃO E CALAGEM
Há evidência que a mandioca tolera as condições de acidez do solo. Entretanto, os solos devem ser escolhidos, preparados, corrigidos e adubados adequadamente, conforme os resultados de análise química. As adubações orgânicas e fosfatadas respondem de forma bastante positiva no aumento da produtividade.
TRATOS CULTURAIS
São recomendadas em média cinco capinas do mato, sendo três no primeiro ano e duas no segundo ano.
PRAGAS E DOENÇAS
As principais pragas são: mandarovás, ácaros, percevejo de renda, mosca branca, mosca do broto, broca do caule, cupins e formigas. As doenças mais comuns são: Podridão de raiz, Bacteriose, superbrotamento, viroses. Ao ser constatada qualquer alteração no estado fitossanitário, consultar o órgão competente mais próximo.
COLHEITA E RENDIMENTO
A colheita deve ser iniciada de acordo com o ciclo da variedade utilizada no plantio e é feita manualmente, através do arranquio das raízes. As raízes colhidas deverão ser processadas pela indústria durante as primeiras vinte e quatro horas, para não comprometer a qualidade dos seus produtos.   A produtividade varia de acordo com as variedades utilizadas, espaçamento e os tratos culturais empregados na cultura. A produtividade média varia de 15 a 20 toneladas por hectare. O rendimento industrial varia de  25 a 30%, ou seja uma tonelada de raízes produz cerca de 300 quilos de farinha.
VARIEDADES
A cultura da mandioca apresenta uma grande variabilidade genética, possibilitando um grande número de variedades disponíveis para recomendação de plantio. As variedades são recomendadas de acordo com a finalidade de exploração. As principais cultivares recomendadas para a Bahia são: Cigana, Cidade Rica, Maragogipe, Manteiga, Saracura e Casca Roxa.
PRODUTOS
Os produtos das raízes para alimentação humana são a farinha, a fécula, o beiju, o carimã, dentre outros. A fécula é bastante utilizada nas indústrias de alimentos como em outras indústrias.

Gilberto de Andrade Fraife Filho
Engenheiro Agrônomo – MSc

José Jorge Siqueira Bahia
Engenheiro Agrônomo – BSc
Ceplac-Cepec-BA